O termo agroterrorismo significa a sabotagem do agronegócio nacional. É um ramo do campo chamado Bioterrorismo: uso de agentes biológicos para causar danos à saúde humana, animal e/ou vegetal.
De forma sintética, o agroterrorismo se define como ações intencionais para tentar causar prejuízo econômico ao agronegócio, seja na agricultura, pecuária ou demais cadeias produtivas correlatas.
Estas ações chamadas de agroterrorismo podem ser efetuadas por agentes estatais (patrocinados por outros países) ou por agentes não estatais, ou seja, agentes financiados por entes privados. A motivação também pode ser variada, como financeira, quando praticada por um possível concorrente, ideológica e até, já relatado, por motivações políticas.
Situações que caracterizariam o agroterrorismo contra a agropecuária nacional englobam ações de espionagem sobre pesquisas agronômicas estratégicas nacionais (como as da Embrapa); propaganda adversa contra o agronegócio nacional em outros países (propaganda contrária na Europa); e a colocação intencional de pragas ausentes no território nacional, devastando lavouras e causando prejuízos consideráveis ao país.
Um caso conhecido de sabotagem ao agronegócio brasileiro ocorreu na Bahia no final dos anos 80. A praga vassoura de bruxa foi introduzida de forma criminosa nas lavouras de cacau, levando ao colapso da cultura na região. Somente após 20 anos a região voltou à exportar amêndoas de cacau.
Outro caso recente suspeito de agroterrorismo no Brasil foi a entrada de uma praga até então ausente no país, a Helicoverpa Armígera. A praga possui ampla distribuição mundial, mas foi identificada no Brasil somente em 2013, primeiramente em lavouras de Goiás e posteriormente em Mato Grosso, no município de Rondonópolis.
A praga causou prejuízo bilionário ao agronegócio nacional, ocasionando emergência fitossanitária em diversos estados produtores brasileiros. A praga ataca cerca de 300 culturas diferentes, mas os danos principais no Brasil foram nas lavouras de algodão, soja e milho.
Atualmente, o Brasil, através de um programa de manejo integrado de pragas, controle biológico e controle químico convive com a praga, que dificilmente será erradicada do território brasileiro. No entanto, estes controles significam custos, diminuindo a competitividade nacional.
Certamente! Mas por que o Brasil seria alvo de ações agroterroristas? O país é um dos líderes mundiais na produção, armazenamento e distribuição de grãos, carne e frutas. Alimentos e água são produtos estratégicos que as nações mais desenvolvidas já tratam como fator geopolítico de relevância para a ordem mundial. E o Brasil possui os dois em abundância. Além disso, no caso do agronegócio, o país se destaca cada vez mais com ganhos de produtividade agregados à tecnologia, clima favorável e fartura de terras.
É necessário, portanto, que o Brasil se prepare para ações de agroterrorismo ou sabotagem ao agronegócio nacional. Nossos grandes concorrentes, como Estados Unidos, Austrália e China já tratam o tema há quase 10 anos. No entanto, no Brasil, o termo é praticamente desconhecido e tratado somente por entes estatais federais, como a Agência Brasileira de Inteligência.
Se um produtor nacional identificar hoje uma praga exótica, ele não saberá exatamente o que fazer. Seria necessário um plano de resposta para saber para quem ligar, o que fazer, quando fazer e assim mitigar os possíveis danos.
Para podermos prevenir o Brasil de ações de sabotagem ao nosso agronegócio, é necessário primeiramente conhecer o fenômeno. Segundo, conhecer quais as pragas ausentes no território nacional que se entrarem, poderão causar danos relevantes ao agronegócio nacional. Além disso, dentre estas pragas, quais tem risco maior de entrada e maior potencial de dano?
Ou seja, é necessário elaborar uma lista de agentes biológicos (pragas) selecionados para propor ações de combate e prevenção. Terceiro, ações conjuntas entre o sistema de vigilância agropecuária nacional e a iniciativa privada para o estabelecimento de protocolos de resposta.
Alem da prevenção à entrada de pragas ausentes, causadas de forma intencional ou não, é necessário que a iniciativa privada e os órgãos públicos envolvidos na agropecuária nacional tenham ciência das propagandas adversas conduzidas no exterior contra a produção brasileira.
Por fim, é necessário proteger as pesquisas agropecuárias nacionais contra o acesso indevido por entes estrangeiros. Estas ações permitiriam ao país se prevenir de ações de agroterrorismo.
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Contato (seg-sex)
A introdução da doença vassoura-de-bruxa nas plantações de cacau do Sul da Bahia abriram um precedente perigoso. O fato é abordado no documentário O NÓ: ATO HUMANO DELIBERADO, disponível no Youtube: https://youtu.be/_0mPiYocm-4