Por várias vezes, ao longo da minha caminhada acadêmica, buscando entender o mínimo possível sobre a atividade de inteligência, desempenhada por Instituições (Agências) de inteligência, serviços de inteligência, ou serviços secretos, tive a oportunidade de ser aluno e orientado pelo professor, pós-doutor em Inteligência, Segurança e Direito, Denilson Feitoza, entre os anos de 2009 e 2010, que àquela época já lecionava que para os próximos anos, haveria uma busca, permanente e continuada, por educação (acadêmica) pela Atividade de Inteligência. Essa prospecção para a Atividade de Inteligência caminhava para um cenário verdadeiro no campo das academias, tendo como referencial o Estado de Minas Gerais, como “berço acadêmico” para aqueles que, de alguma forma, envereda-se na busca pelo conhecimento sobre essa atividade especializada.

O fascínio por essa atividade especializada demonstra a necessidade de se entender o porquê do sigilo de suas ações, como executar ações e/ou técnicas especializadas que, até então, eram conhecidas por muitos através de filmes, músicas ou livros sobre espionagem. E olha que a Atividade de Inteligência, ou, conforme leciona Joanisval Brito Gonçalves, renomado autor sobre esta atividade, sua vertente mais conhecida, a espionagem, trata-se da segunda profissão mais antiga do mundo, e, às vezes, muito relacionada à primeira. Ora, a primeira (ou segunda, dependendo do ponto de vista), exceto à espionagem, temos alguns exemplos na história, facilitando, ainda mais, a confusão entre essas “profissões”. Cita-se, então, Mata Hari (oportunamente escreveremos sobre essa figura mística na história da espionagem) como uma clara exemplificação.

Essa busca pelo conhecimento, seja ela em quaisquer aspectos e momentos da vida do homem, perpassa por escolhas, desejos e anseios que, de certa forma, possam atingir aos seus objetivos, que poderão ser a conhecimento do desconhecido. Insta salientar que as escolhas (o que devo pesquisar? quais temas são importantes? qual curso atenderá as minhas demandas?) devem, a todo o momento, fazer parte da vida diária daqueles profissionais interessados na excelência para a prestação de um serviço de qualidade, sobretudo quando se trata da atividade de inteligência. Isso porque sabemos que a atividade de inteligência, e aqui poderemos colocá-la nas mais distintas categorias (inteligência de Estado, inteligência estratégica, inteligência fiscal, inteligência competitiva etc), além de manusear informações sigilosas e processar conhecimentos com base em uma doutrina, metodologia e princípios próprios, tem como objetivo central assessorar determinado processo decisório e salvaguardar os interesses das autoridades demandantes, conforme nos ensina Joanisval Brito Gonçalves em sua obra Atividade de inteligência e legislação correlata (2009).

É claro que a caminhada é longa! E muitas das vezes buscamos em outras doutrinas para satisfazer nossas necessidades, quando se fala na busca pelo conhecimento. Determinado apóstolo aconselha na bíblia sagrada: “experimentai de tudo, e ficai com o que é bom”. Em outra passagem bíblica, “conhecerei a verdade, e a verdade vos libertará”, é visualizada nas dependências da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos da América, ou Central Intelligence Agency (CIA). Isso nos faz refletir sobretudo nas possíveis escolhas, de um profissional atuante no ramo da segurança e, principalmente, atuante na área de inteligência.

A partir dessas breves palavras, não poderia furtar-me de mencionar acerca do Instituto Cátedra, presente no Estado do Mato Grosso, como então referencial nos ensinamentos especializados (especializações lato sensu) da Atividade de Inteligência. Destaco aqui os cursos de Pós-graduação em Gestão e Inteligência Aplicadas ao Sistema Prisional; Inteligência Estratégica de Estado; Inteligência Aplicada à Fiscalização e Perícia Ambiental; e, ainda, Agroterrorismo. Tendo como coordenador o mestre Clarindo Alves de Castro, sem dúvidas os cursos mencionados serão referência, em nível nacional, no que tange à formação, em nível de pós-graduação em Inteligência, para os profissionais das mais variadas áreas temáticas da segurança pública, direito, estratégia, da própria Atividade de Inteligência e, ainda, para o fortalecimento das ações formativas das Ciências Policiais.

Tudo isso tornou-se de fundamental importância para que, diuturnamente, possamos entender a real participação do Especialista em Inteligência no atual cenário, não somente nacional, mas a nível global.

As considerações acima são de cunho sugestivo, o que corrobora para que haja um senso crítico entre os profissionais de segurança quanto às possibilidades de escolha de cursos disponíveis para se capacitarem, contribuindo, assim, para um melhor desempenho no exercício da atividade de inteligência, que, como já sabemos, em sentido amplo, trata-se de uma atividade especializada de produção e salvaguarda conhecimentos, de qualquer natureza, com vistas ao assessoramento do processo decisório.

Nesse sentido, trata-se de uma oportunidade para que os profissionais, e, ao mesmo tempo, acadêmicos de diversas áreas, labutarem nos estudos de temas atuais e transnacionais que se apresentam na sociedade e que, em algum momento, possa a ser de interesse dos policymaker (formuladores de políticas, tomadores de decisão, em uma possível tradução livre): terrorismo, guerra cibernética, espionagem, corrupção etc. E, como consequência, produzirem trabalhos capazes de, alguma forma, tornarem-se subsídios para novos objetivos pessoais, profissionais ou mesmo de interesse das mais variadas instituições de segurança.

Finalizando, como consequência, o resultado da produção acadêmica em inteligência, temos como referência a Série Inteligência, Segurança e Direito (SIDS), da Editora Impetus, e, também, a Série Inteligência, Estratégia e Defesa Social (IEDS), da Editora D’Plácido, as quais, juntas, já possuem um acervo de dez livros que servem de literatura de base e referencial teórico para os especialistas de inteligência.

Grande abraço a todos e em breve novos temas serão abordados.

Por Renato Pires
Especialista em Inteligência de Estado e Inteligência de Segurança