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Matriz SWOT no Sistema Prisional: um estudo de caso

  • 8 dezembro, 2020

Trataremos neste texto, um estudo de caso, na verdade, de uma análise SWOT em uma instituição pública no segmento da Segurança Pública do Estado de Mato Grosso, especificamente na Penitenciária Major Zuzi Alves da Silva. Abordaremos como a matriz SWOT pode auxiliar a Atividade de Inteligência na identificação de ameaças e oportunidades de uma unidade penitenciária, através da elaboração da lista de forças e fraquezas do local.

Mas o que seria uma análise SWOT? Também chamada por Matriz SWOT, a Análise SWOT é uma das ferramentas mais simples e úteis em uma instituição, seja ela pública ou privada, para entender e criar bases de informações dentro do mercado que está inserida. A matriz SWOT vem do acrônimo das palavras Streghts (Força), Weaknesses (Fraquezas), Oportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças). Estes quatro elementos são correlacionados, apresentando os pontos fortes e fracos de uma instituição, além das ameaças e oportunidades que a entidade está sujeita.

Em uma unidade de um Sistema Prisional, saber com antecedência as ameaças envolvidas é o desejo principal dos gestores, e é papel da Inteligência tentar obter esta informação. Uma análise SWOT pode ter papel relevante nesse processo.

 

Gráfico análise SWOT

 

Para entender e colocar em prática a análise SWOT, é necessário conhecer melhor cada elemento:

Fatores internos

  • Strengths (forças)
  • Weakness (fraqueza)

Aqueles que o gestor tem controle.

Fatores externos

  • Oportunities (oportunidades)
  • Threats (ameaças)

Aqueles que o gestor não tem controle.

Matriz SWOT da Penitenciária Major Zuzi Alves da Silva quanto aos conceitos apresentados.


FATORES POSITIVOS

Análise SWOT - Forças

Oportunidades


FATORES NEGATIVOS

Matriz SWOT - Fraqueza

Análise SWOT - Ameaça

 

Análise usando os conceitos SWOT

Forças da SWOT na Penitenciária Major PM Zuzi Alves da Silva.

Localizada a margem da BR 158, no município de Agua Boa/MT, está a Penitenciária Major PM Zuzi Alves da Silva, com capacidade técnica para abrigar 326 (Trezentos e vinte seis) pessoas privadas de liberdade. Contudo, até meados de agosto de 2020, a unidade abrigava o dobro da sua capacidade.

A maioria dos internos que cumprem suas penas na unidade penitenciária de Água Boa residem na região. Fator este que facilita o monitoramento, tanto dentro quanto fora da unidade, possibilitando assim obter um cenário dos crimes cometidos no município e arredores. Esta característica permite também elaborar um banco de dados atualizado, tornando mais fácil a identificação dos autores dos crimes. Muitos, inclusive, ordenados de dentro da unidade penitenciária.

A direção da penitenciária é composta por profissionais de carreira do Sistema Prisional, o que facilitaria ter um núcleo de inteligência consolidado dentro da unidade. Afinal, um profissional de carreira tende a possuir os treinamentos específicos do cargo, a exemplo da Atividade de Inteligência.

Com capital humano tanto na área técnica (médico, enfermeiro, técnicas de enfermagem, dentista, assistentes sociais, psicólogas, farmacêutico, assistentes administrativos, advogado e professor de educação física) como operacional (Policiais Penais), a unidade de Água Boa tem destaque por manter a ordem e a disciplina, apesar de trabalhar com baixo número de profissionais.

Uma das vantagens desta unidade do Sistema Prisional é a distância até a cidade (+/- 30 km), o que dificulta e também diminui o fluxo de pessoas na unidade. Outro fator relevante é a comunicação proibida por telefone celular. Diferente de outras unidades próximas ao perímetro urbano, onde os presos tem maior facilidade em conseguir aparelhos celulares para se comunicar, na unidade Penitenciária Major Zuzi Alves da Silva, essa comunicação é precária, tanto pela baixa frequência de sinal de telefonia móvel, como também pela mínima entrada clandestina destes aparelhos. Assim, a comunicação entre os presos é feita através de bilhetes, os famosos “bereu”, linguagem popular entre eles. Esta sistemática facilita ao profissional de Inteligência manter um banco de dados mais exato.

Através desses bilhetes encontrados em revistas nas celas e também em revistas pessoais nos presos, contém, muitas vezes, anotações como ordens de crime, números de telefones, dados bancários, balanços financeiros e, até mesmo, cadastro de batismo de organização criminosa. Possibilitando a antecipação pelo serviço de Inteligência.

Oportunidades da SWOT na Penitenciária Major PM Zuzi Alves da Silva.

Atualmente, a Secretaria de Estado de Segurança Pública conta com a Coordenadoria de Ensino e Aperfeiçoamento do Servidor Penitenciário (CEASP), que oferece cursos na área de Inteligência, voltado para o sistema penitenciário. A CEASP capacita o profissional a desenvolver habilidades e conhecimentos para ajudar o gestor na tomada de decisões dentro da unidade. Esses profissionais são ligados à Coordenadoria de Inteligência Penitenciária (COIPEN), mantendo uma base de dados de todo sistema carcerário do estado.

Fraquezas da SWOT na Penitenciária Major PM Zuzi Alves da Silva.

Para se ter um núcleo de Inteligência na unidade, o primeiro passo seria adequar um local próprio, restrito aos profissionais de Inteligência (ambiente fora do ambiente carcerário), com os materiais e equipamentos básicos para se iniciar uma atividade de Inteligência na unidade. E, atualmente, isso não existe na unidade em questão.

Outra fraqueza identificada é o desconhecimento do trabalho de Inteligência mesmo entre os policiais penais. Seria necessária uma ação para levar ao conhecimento dos demais colegas, do que se trata um núcleo de Inteligência e as atividades desenvolvidas pelo profissional de Inteligência. Ainda existe muita desinformação a respeito da Inteligência do sistema penitenciário, onde o próprio gestor acha que a atividade de Inteligência é a mesma desenvolvida pelo Investigador da Policia Judiciaria Civil.

Outra demanda necessária seria a aproximação entre os núcleos de Inteligência das instituições que compõe a Segurança Pública.

Ameaças da SWOT na Penitenciária Major PM Zuzi Alves da Silva.

O crescimento das organizações criminosas é evidente no sistema prisional brasileiro. Na Penitenciária Major PM Zuzi Alves da Silva, como em todas as demais, esta é uma ameaça constante.

Outra ameaça verificada pela análise SWOT é a superpopulação carcerária. Este não é um fenômeno exclusivo da penitenciária desta análise. Mas, trata-se de uma ameaça de origem externa, por que investimentos para adequações na estrutura física fogem da governança de uma unidade prisional.

Conclusão

Percebe-se o valor de uma matriz SWOT utilizada pela Inteligência em uma unidade do Sistema Prisional. A análise SWOT pode e deve ser usada em qualquer segmento de instituição, seja ela pública ou privada. Com base nessas análises podemos traçar estratégias para melhorar os trabalhos e a eficiência do serviço de Inteligência. Cabe ao gestor, e ao profissional de Inteligência, definir como usá-las da melhor maneira possível.

 

Por Cleonice Penteado dos Santos

    • Alexandre
    • 14 junho, 2021
    Responder

    Quando o caso envolve corrupção de servidores ?

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