Legal Design e Visual Law são termos relativamente novos e são comumente vistos como tendo o mesmo significado. Neste artigo apresentaremos seus respectivos significados e objetivos, mostrando que não necessariamente têm o mesmo sentido.
O termo Legal Design começou a ser utilizado por Margaret Hagan, diretoria do The Legal Design Lab em Stanford, nos EUA. Em seu livro Law by Design, ela assim o define:
Legal Design é a aplicação do design centrado no ser humano ao mundo do direito, para tornar os sistemas e serviços jurídicos mais centrados no ser humano, utilizáveis e satisfatórios.
Trata-se de uma abordagem que faz uso de metodologias e ferramentas de Experiência do Usuário (UX) e Design com objetivo de se desenvolverem produtos jurídicos. Por produtos jurídicos podemos entender produtos, serviços, processos, enfim, soluções para o setor jurídico.
Atenção aqui para um conceito importante: centrado no ser humano. Como pode-se perceber, o foco é sempre nas pessoas (também chamadas de usuários), que farão uso de fato das soluções desenvolvidas. Quando trazemos soluções que facilitam o dia a dia dos usuários, estamos atribuindo sentido real para o esforço dedicado no desenvolvimento dessas soluções.
Um exemplo bastante evidente de Legal Design são os serviços de assinatura digital. A possibilidade de assinar contratos usando-se tokens eletrônicos e certificados digitais agilizou muito os processos de documentação entre pessoas, empresas, órgãos públicos e instituições. Tempo e dinheiro são economizados em deslocamento, taxas, impressão e outros custos inerentes aos antigos processos de assinatura de documentos.
Visual Law é apenas um dentre diversos aspectos do Legal Design. Como dito, Legal Design é aplicar processos de design no desenvolvimento de soluções para melhorar produtos jurídicos. Neste sentido, o Visual Law visa melhorar aspectos visuais dentro do direito. Dentre os benefícios promovidos pelo Visual Law, podemos destacar:
Abaixo apresentamos dois documentos fictícios, para efeito de ilustração: o primeiro é um exemplo de documento tradicional, sem grandes apelos visuais; o segundo é um documento que teve sua apresentação trabalhada dentro de conceitos do visual law, atribuindo-lhe elementos visuais que têm por objetivo melhorar como um todo sua leitura e sua compreensão do mesmo.
Infográficos, fluxogramas, ícones, vídeos, animações, recursos de gamificação, storyboards e tipografia são alguns dos recursos visuais utilizados no Visual Law. Além disso, são aplicados conceitos de composição do design gráfico, como contraste, hierarquia, ritmo, legibilidade, teoria da cor, dentre outros.
O termo Design Thinking surgiu na década de 90, criado por David Kelley, um dos fundadores da IDEO, empresa referência em design e inovação, reconhecida internacionalmente. Trata-se de uma metodologia desenvolvida para solucionar problemas complexos de forma criativa, podendo ser utilizada por qualquer pessoa, segundo a crença da IDEO.
No cerne do conceito do Design Thinking está o foco no usuário, ou seja, a solução do problema em questão deve sempre ser focada no usuário: como solucionar o problema de forma que haja melhoria para o usuário que fará uso daquela solução?
Mas, por que estamos falando disso?
No início deste texto, mencionamos que o Legal Design é centrado no ser humano. Assim como o Design Thinking. Este ponto em comum usualmente leva à conclusão de que Legal Design é o Design Thinking aplicado no desenvolvimento dos produtos jurídicos, o que é um equívoco. O Design Thinking é apenas uma dentre tantas outras metodologias disponíveis. Legal Design não é Design Thinking aplicado ao setor jurídico, pois não se limita a apenas esta metodologia.
É importante dizer que processos centrados no ser humano têm um elemento-chave no seu DNA: a empatia, ou seja, a habilidade de se colocar no lugar do outro. A empatia é fundamental para o sucesso do Visual Law e Legal Design como um todo.
Um exemplo simples sobre a empatia em no desenvolvimento de um projeto de Visual Law seria uma cartilha cujo público-alvo seja pessoas idosas. Como sabemos, com a idade é comum surgirem problemas relacionados à visão. Sendo assim, esta cartilha deverá contar com textos em uma fonte maior, auxiliando que as pessoas para quem foi projetada, neste exemplo os idosos, tenham mais facilidade na leitura e compreensão das informações nela contidas.
Neste texto, de forma breve, abordamos os temas Legal Design, Visual Law, bem como Design Thinking, o que são, quais seus objetivos e apresentamos alguns exemplos relacionados aos temas. Dentre tudo que foi aqui falado, destacamos o conceito centrado no ser humano. Embora possa parecer algo banal, é comum em processos de desenvolvimento de produtos o usuário ser esquecido.
Esquecer o usuário neste processo é uma das maiores causas do fracasso de produtos ou serviços, pois os usuários tem uma enorme gama de ferramentas à sua disposição e estão cada vez mais atentos, podendo comparar serviços e produtos, abandonando rapidamente aqueles que sejam difíceis de usar, ou que não funcionem da melhor forma possível. Focar no usuário é certamente um dos melhores caminhos a se tomar quando se trata de desenvolvimento de produtos e/ou serviços, sejam eles jurídicos ou de outra natureza.
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Faz toda diferença ter a ilustração. Dessa forma, o leitor é direcionado e consegue absolver um maior número de informações.
Gostei muito do artigo! Bastante esclarecedor.